"A mortalidade de crianças indígenas sempre será maior do que na população não-índia". Esta declaração faz parte do depoimento dado pelo diretor do Departamento de Saúde Indígena (Desai), Wanderley Guenka, em uma audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a subnutrição de crianças indígenas. A audiência foi realizada em Brasília (DF) nesta quarta-feira (11). Segundo o diretor, a mortalidade está relacionada ao difícil acesso às comunidades, fato que dificulta a chegada de assistência médica dada pelo governo.
O integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cristiano Navarro, discorda desta declaração. Ele cita o caso do estado do Mato Grosso do Sul (MS) que possui um dos piores índices de mortalidades e onde, no entanto, as aldeias não são de difícil acesso. Para ele, a subnutrição está relacionada com a falta de terras para os índios e o não reconhecimento de seus direitos tradicionais.“Temos aqui Mato Grosso do Sul uma população de 40 mil pessoas para uma área de 40 mil hectares. Então, a produção interna de alimento é muito pequena. Isso resulta em vários tipos de desintegração, inclusive da organização social tradicional e na dependência da cesta básica. Tudo isso leva a uma forma de vida que acarreta na subdesnutrição”.Este ponto de vista é compartilhado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa). De acordo o órgão, os problemas de saúde na população indígena estão ligados à pressão e degradação dos seus territórios, aos conflitos com garimpeiros e mudanças no estilo de vida.
* De São Paulo, da Radioagência NP, Juliano Domingues. (extraído do site do Cimi)
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